sexta-feira, 27 de novembro de 2009

FRAGMENTOS DO BRASIL XV - FUD E IDO

A tarde do sábado transpira alegria. As recentes chuvas do inverno deixam a vegetação verde e o sol de cristal, junto de seu irmão, o céu azul e límpido, inundam a paisagem de um colorido rico. Faz uma temperatura fresca. Fud e Ido, aqueles dois ex funcionários da Bundabras, a empresa privatizada por FHC, estão no local de sempre, na mesa da calçada de sempre, do mesmo bar de sempre, sob a mesma paineira confessora das tristezas. O garçom já nem pergunta mais sobre o pedido. Traz logo de cara, na certeza da modéstia dos dois infelizes. Duas Xereca Pilsen e um pratinho de salame. Ido, mais alegrinho do que o de costume, inicia o diálogo:


- O que você vai ganhar de dia dos pais?

- Sei lá, do jeito que a coisa anda dura lá em casa...

- Pois eu ganhei um presente. Olha.

E retira da pochete cheia de papéizinhos amarfanhados um pequeno objeto.

- Porra, um chaveirinho do Corinthians? Mas você nem é corinthiano, caralho.

- Eu sei. O que vale é a intenção. O Cleverson (o filho do Ido chama-se Cleverson) é corinthiano. Melhor do que ganhar celular. Hoje todo mundo dá celular porque é barato. A única coisa barata no Brasil é celular. Qualquer zé ruela compra celular. É a máfia que está mandando no país, junto com os bancos. O cara compra e depois não tem cu pra pagar a conta. Então o chaveirinho tá bom. Fiquei contente.

O celular do Fud toca.

firuri fruri fruri fifiii firuiu firurirurifiii

- Alô? Ôi... Tá... Falou... Depois eu passo na casa da sua mãe. Hein? ...Putaqueupariu Doralice, você sabe que é 39...Se não servir a gente troca. Tchau.

Ele guarda o celular no bolso novamente:

- É a Doralice. Já sei o que eu vou ganhar. Um par de chinelos.

- Rider?

- Não. Havaianas.

Um cão assustado caminha entre as mesas do bar. Um simpático cão sem dono.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Play Boy - Fernanda Young











Indios



Por que só os índios têm o privilégio de parar no tempo? Eu também gostaria de manter meu estilo de vida, quando não precisava trabalhar e gastava toda a grana da mesada com putas revistas de sacanagem. Hoje, sou obrigado a estar atualizado com todo tipo de merda que passa na tv e ainda tenho que ganhar meu próprio dinheiro para bancar minhas cachaças, putas e namorada. Enquanto nós somos forçados a usar a desgraça do micro-ondas e da máquina de lavar roupa, a ter consciência ecológica e a obedecer a lei seca, os índios, malandros que são, passam o dia todo assando carne na fogueira e lavando roupa no rio, tacando fogo na mata e bebendo cachaça. Em vez de isolar os índios no meio do nada, eles deveriam ser colocados num museu – ou num zoológico, para permanecer próximo da natureza – assim, todos poderiam apreciar (e invejar) seu estilo de vida paleolítico e avançado.
Nos primeiros contatos com o homem branco, sua burrice ingenuidade era tanta que, quando, em batalhas, os portugueses atiravam, a tribo inteira se jogava no chão acreditando que era o barulho que matava. E, o português ao ver aquele monte de índio caindo com um único tiro é tão burro burro que dizia: “Nossa, não sabia que atirava tão bem”. Os índios que iam percebendo que não estavam mortos, como cuzões bravos guerreiros que são, corriam para a mata. E o português ao vê-los se levantar, católico idiota que é, acreditava se tratar do juízo final e corria pra se confessar.
Eu também gostaria de alegar ingenuidade e desfazer a troca da minha coleção de tazos do looney tunes por uma coleção de chicletes mastigados que já tinham perdido todo sabor. Porém, o que está feito, está feito. A não ser que você seja índio. Aí, você pode alegar que não sabia o que estava fazendo quando trocou suas terras por cachaça e que ninguém avisou que quando a ressaca chegava os peitos de suas mulheres voltavam pro umbigo.


FOTO TIRADA SOB EFEITO DO ALCOOL



A MESMA FOTO, POREM SOBRIO

Porém, os indígenas não querem saber do nosso estilo de vida e preferem ficar no meio do mato sem cachorro mesmo. Na floresta, assim como o resto das criaturas mágicas, o índio não sofre de estresse, depressão, nome sujo na praça, assalto, desemprego e demais mazelas sociais do nosso mundo. Na mata, índio não precisa de hospital, só precisa de pajelança pra se curar de qualquer zica, além de ser imune a AIDS, cancer e carie, que são doenças do homem branco. Como diria o nobre cacique Paiakan: "Píndipo copimepi picú e copimepi bupicepita"(índio não estupra, índio faz amor). Índio não quer apito, índio quer molezinha.

Por Manoel Leonan

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Tatuadas


E Gostosas...